Hoje quando acordei já tinha perdido a metade do dia.
O almoço estava sob a mesa e eu como de costume belisquei
uns pedaços de peito de frango. Aquela velha mania de não comer muito para não
engordar, algumas coisas continuam ainda do jeito que sempre foram. Mais tarde, a porta de casa aberta, eu
sentada no sofá observava as pessoas passarem na rua. Cada uma delas trazia
consigo dores, alegrias, dilemas do dia-a-dia, toda essa bagagem que carregamos
pelo simples fato de estarmos vivos.
Foi aí que me lembrei de você. Não que eu já tivesse te
esquecido, mas é que naquele momento, vendo aquelas pessoas passarem, tua
imagem me veio à mente. Eu te vi entrando em casa. Te vi sorrindo. E eu ainda não conheço
ninguém que goste de viver como você gostava, prova disso era teu sorriso
contagiante que mesmo nos momentos mais difíceis, que não foram poucos, mesmo
nesses momentos você não perdia a alegria, fazia de tudo um motivo pra sorrir,
você sorria quando precisava chorar e não queria se entregar.
Você não parava em casa, não deixava nada para o outro dia,
você gastava todo o salário em um único dia, você não voltava pra casa antes da
última música tocar, você amava com toda intensidade da alma, como se fosse a
única e última oportunidade de amar.
Você viveu como se só tivesse essa vida pra viver, como se
ela fosse muito curta e você tinha que vivê-la intensamente.
Quão certa você estava!
Sinto uma enorme saudade, mas fico feliz em pensar que tudo
o que você viveu valeu muito a pena.
Eu amo você minha irmã, minha melhor amiga. Não consigo
viver sem você, por isso te carrego no meu coração, na minha vida.